sexta-feira, 20 de novembro de 2009

20. Novembro. 2009

Foi dia de novidades bombásticas. A directora de turma anunciou que uma aluna pediu transferência para a nossa escola e iria ingressar na nossa turma.
Já passavam uns largos minutos da hora do toque, quando bateram à porta. Era a nova aluna. Todos se viraram para observar aquela chegada.
A maçaneta rodou, a porta entreabriu-se, e dentro de segundos, por ela passava a Uta com o seu ar deprimido de sempre e a sua indiferença para com o mundo no olhar vazio.

'Presumo que sejas a nova aluna!' exclamou a directora de turma empolgada.
'Parece que sim...' respondeu a Uta no seu tom frio de menina revoltada.
'Senta-te! Esta será a tua nova turma! E, turma, esta é a Uta! Espero que se apõem mutuamente e colaborem uns com os outros.'

A Uta acabou por se render e sentar-se à minha beira onde ninguém se voltou a sentar desde que corriam certos rumores pelo liceu.

No fim das aulas, fiquei no liceu. Como combinado, esperava as minhas colegas de grupo para realizarmos um determinado trabalho. Contudo, como já era de esperar, acabaram por não aparecer. A Uta, que acabou por se juntar ao grupo, sentia-se confusa e indignada ao ponto de pensar que não tinham aparecido devido à sua entrada para o grupo.
'Não! Nada disso, Uta... O problema não és tu... O problema sou mesmo eu...'
'O que é que tu fizeste?'
'Digamos que correm uns certos rumores sobre as minhas preferências sexuais...'
'O quê? E não apareceram por causa disso???'
'Penso que sim...'
'Ahah! Então estamos tramadas! Comigo a juntar-me ao clube, aí é que nunca mais aparecerão.'
Não respondi... Na verdade estava demasiado incomodada para tentar compreender aqueles jogos de palavras, quando nem sequer sabia se estes provinham do ser sóbrio existente naquela alma... No entanto, acabei por me deixar estar... A Uta não fala muito, acabando por me transmitir paz, calma e tranquilidade, apesar de toda aquela depressão que aparenta carregar...
Encostou a cabeça no meu ombro e disse: 'Quero voltar para casa, Shane...'
'Se quiseres posso acompanhar-te até lá.'
'Não é essa casa...' rematou fraquejando na voz.
'Então, Uta? Onde está toda aquela força, indiferença?... Sabes que não te posso dar essa casa que tanto queres... Mas posso ajudar-te a gostar um pouco mais deste lugar...'
'Duvido...' respondeu amargamente.
'Vamos?'
'Sim... A minha mãe já deve estar a pensar que ando por aí a snifar!'
'Precisamos de ter uma conversa séria sobre isso...'
'TU TAMBÉM? TENHO TUDO CONTROLADO! NÃO PRECISO DE CONVERSETAS DA TRETA!'
'Uta... Calma... Depois vê-se... Agora anda daí! Eu acompanho-te a casa!'
'Não é preciso...'
'Por acaso perguntei-te se era preciso?'
'Estás muito autoritária... Estás a tentar controlar-me?'
'Não... Estou apenas a tentar perceber até onde consegues ir!'
'Oh! Vamos embora! Que o ambiente já começa a pesar!'

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