Os planos pareciam carregar melancolia, mas na verdade até acabaram por ser, de certo modo, proveitosos.
Tal como combinado, quatro das amigas da minha mãe e os respectivos filhos vieram cá almoçar.
Por entre os presentes, haviam duas estranhas ao meu olhar. Nunca as tinha visto antes mas à primeira vista, percebi que nada tinham em comum: a filha era completamente o oposto da mãe. Enquanto que a mãe era sofisticada, irritantemente sociável e conversadora, a filha preenchia todos os antónimos que se pudessem aplicar à sua mãe.
Assim que chegou, encostou-se a uma das paredes da sala, onde apoiou uma das botas e ali ficou com a sua música, escondendo a face por entre a escuridão dos seus cabelos emaranhados. Pela primeira vez, numa das festas em que a minha mãe tanto exige a minha presença, eu não era a única estranha...
Encontrava-me no outro canto da sala e pouco podia fazer para captar a sua atenção. Aquela atitude intrigava-me e ali permaneci a observá-la. Sabia que, mais tarde ou mais cedo, aquela postura teria que ceder. E assim foi.
Levantou a cabeça e observou o que a rodeava com um ar de desagrado, e assim que fiz parte do seu campo de visão, fitou-me com rancor, ódio, amargura e raiva. Tudo isso me tirou do sério, mas mantive a minha imparcialidade.
Enquanto almoçávamos, todos falavam agitadamente, menos eu e aquela "miúda estranha" que ali não parecíamos pertencer. Assim que acabámos, sentia-me intrigada e sufocada com os olhares arrasadores que me foram enviados, o que me levou a ir apanhar um pouco de ar. Nesses instantes, a "miúda estranha" sumiu.
Procurei-a em todos os recantos susceptíveis a refúgio... E nada!
Tal como combinado, quatro das amigas da minha mãe e os respectivos filhos vieram cá almoçar.
Por entre os presentes, haviam duas estranhas ao meu olhar. Nunca as tinha visto antes mas à primeira vista, percebi que nada tinham em comum: a filha era completamente o oposto da mãe. Enquanto que a mãe era sofisticada, irritantemente sociável e conversadora, a filha preenchia todos os antónimos que se pudessem aplicar à sua mãe.
Assim que chegou, encostou-se a uma das paredes da sala, onde apoiou uma das botas e ali ficou com a sua música, escondendo a face por entre a escuridão dos seus cabelos emaranhados. Pela primeira vez, numa das festas em que a minha mãe tanto exige a minha presença, eu não era a única estranha...
Encontrava-me no outro canto da sala e pouco podia fazer para captar a sua atenção. Aquela atitude intrigava-me e ali permaneci a observá-la. Sabia que, mais tarde ou mais cedo, aquela postura teria que ceder. E assim foi.
Levantou a cabeça e observou o que a rodeava com um ar de desagrado, e assim que fiz parte do seu campo de visão, fitou-me com rancor, ódio, amargura e raiva. Tudo isso me tirou do sério, mas mantive a minha imparcialidade.
Enquanto almoçávamos, todos falavam agitadamente, menos eu e aquela "miúda estranha" que ali não parecíamos pertencer. Assim que acabámos, sentia-me intrigada e sufocada com os olhares arrasadores que me foram enviados, o que me levou a ir apanhar um pouco de ar. Nesses instantes, a "miúda estranha" sumiu.
Procurei-a em todos os recantos susceptíveis a refúgio... E nada!
Apenas quando fui buscar uma camisola ao meu quarto a encontrei. Ali estava. Imóvel, sentada, especada a olhar para uma das paredes.
'Provavelmente este seria o último lugar onde te procuraria...'
'E porque me havias de procurar?' perguntou num tom um tanto arrogante ainda sentada no chão abraçando os próprios joelhos contra o peito.
'Não sei... Diz-me tu... E já agora, posso saber o que fazes aqui?'
'É o teu quarto, não é?'
'É!'
'Logo vi... Reparei que eras a única que estava completamente alheia a tudo durante o almoço... Achei que o teu frete era tão grande quanto o meu. Por isso, achei que compreenderias e me deixarias ficar por aqui...'
'Claro... Fica o tempo que quiseres.'
Como forma de agradecimento, levantou-se retirou um pó branco do seu bolso e dirigiu-se até mim com ele.
'Não, obrigada!'
'Nem sabes o que perdes!'
'Perco o início do meu fim... Sabes, se fosse droga leve, eu ainda compreendia. Mas, isso? Isso é demais, miúda! Não te esqueças que depois pode ser tarde demais... Ainda estás a tempo de mudar o teu rumo... Qual é o teu nome?'
Após acender um cigarro respondeu: 'Uta. Mudei-me para cá há pouco. Estava a precisar de renovar as companhias segundo a minha mãe.'
'Uta, sei que não poderei tomar o lugar dessas companhias, mas se precisares de alguma coisa, já sabes onde moro...'
'Obrigada...'
'Provavelmente este seria o último lugar onde te procuraria...'
'E porque me havias de procurar?' perguntou num tom um tanto arrogante ainda sentada no chão abraçando os próprios joelhos contra o peito.
'Não sei... Diz-me tu... E já agora, posso saber o que fazes aqui?'
'É o teu quarto, não é?'
'É!'
'Logo vi... Reparei que eras a única que estava completamente alheia a tudo durante o almoço... Achei que o teu frete era tão grande quanto o meu. Por isso, achei que compreenderias e me deixarias ficar por aqui...'
'Claro... Fica o tempo que quiseres.'
Como forma de agradecimento, levantou-se retirou um pó branco do seu bolso e dirigiu-se até mim com ele.
'Não, obrigada!'
'Nem sabes o que perdes!'
'Perco o início do meu fim... Sabes, se fosse droga leve, eu ainda compreendia. Mas, isso? Isso é demais, miúda! Não te esqueças que depois pode ser tarde demais... Ainda estás a tempo de mudar o teu rumo... Qual é o teu nome?'
Após acender um cigarro respondeu: 'Uta. Mudei-me para cá há pouco. Estava a precisar de renovar as companhias segundo a minha mãe.'
'Uta, sei que não poderei tomar o lugar dessas companhias, mas se precisares de alguma coisa, já sabes onde moro...'
'Obrigada...'
4 comentários:
Provavelmente foi a única coisa decente que me saiu >.<
Afinal o jantar não deve ter sido mau de todo ;)
Mas eu não sei onde moras, não te posso ajudar :(
parece-me k o jantar tratou de te animar um pouco.
Luís,
Deixa lá!!! Não há crise! Não estou verdadeiramente a precisar de ajuda! lol!
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